Duas linhas simultâneas de ação foram adotadas por Peter Gasper no projeto da torre da TV Bandeirantes: a luz que banha o corpo central, constituído pela escadaria metálica, e a iluminação periférica, nas arestas dos volumes metálicos escalonados, que se sucedem em altura até a antena, na ponta da torre.
Seu funcionamento independente cria um desenho dinâmico, que muda não apenas em datas comemorativas, como também diariamente, na passagem das horas cheias. Na parte interna do conjunto, a iluminação é feita com projetores constituídos por lâmpadas de vapor metálico de 400 watts, na cor azul.
A luz é homogênea e intensa - são 288 projetores no total -, caracterizada pela tonalidade resultante da interação da luz azul com o vermelho físico, tonalidade que recobre a escadaria central. Gasper destaca que a combinação da pintura com a iluminação é elemento‑chave do projeto - além das escadas, os gomos escalonados da torre receberam nova pintura, em cinza.
Ambas as cores trabalham a favor da luminotécnica, seja ao acentuarem a vivacidade do tom azul luminoso, seja ao propiciarem intenso sombreamento da estrutura metálica quando se pretende iluminar com destaque trechos isolados. Nas arestas verticais externas, o lighting designer utilizou projetores com leds, totalizando quase 30 mil lâmpadas de 50 watts nos 784 equipamentos, direcionados para fora da torre.
Das inúmeras tonalidades de luz potencialmente derivadas de tal sistema (16 milhões), privilegiou-se o encadeamento linear da iluminação, o que desenha interessante volume vazado, semelhante a uma armadura esbelta e desprovida de corpo central.
A manipulação artística da luz cria, por fim, interface amigável com a cidade. Por vezes, a sequência de acendimento desses pontos externos é feita de baixo para cima, colorida; por outras, é de cima para baixo, na cor azul, verde ou amarela, e assim por diante.
Texto de Evelise Grunow
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 386 Abril de 2012