Em Portugal sempre existiu uma velha questão relacionada com o facto de se cantar, ou não, em português. Alguns defendem que se deve cantar em português porque é a língua materna, outros acham que cantar em inglês lhes pode permitir uma maior projeção a nível internacional. Quem tem mais ou menos razão?
Esta foi uma "guerra" que fez vitimas e heróis, se por um lado a música cantada em português conseguiu atingir os grandes palcos mundiais (sob o rótulo da "world music") com o expoente máximo em Amália Rodrigues, mas também com Madredeus, Dulce Pontes ou Mariza, também não é menos verdade que algumas(poucas) bandas também tiveram sucesso a nível internacional a cantar em Inglês, como os Moonspell, ou os Fonzie, bandas que cantam em inglês e com um público enorme respetivamente no centro e norte da Europa e no Japão. Em contraponto a banda portuguesa OqueStrada teve o privilégio de atuar em Oslo durante a cerimónia de entrega do prémio Nobel da Paz, e mais uma vez levar a língua portuguesa a um evento de cariz mundial.
Alguns géneros musicais sempre privilegiaram o português como a língua escolhida para as suas músicas, nomeadamente o Fado, símbolo maior da musicalidade portuguesa(e grande responsável por levar aos grandes palcos mundiais a língua lusa), mas outros estilos também reivindicaram o uso da língua portuguesa, é o caso do Hip Hop que desde os anos 90 é cantado em português, até porque muitas vezes as letras trazem mensagens, para isso precisam de ser entendidas e percebidas no meio das rimas e das batidas. Um dos grandes defensores da língua lusa nas músicas é o músico Sam The Kid(curiosamente usa o nome artístico em inglês), e teve neste vídeo uma pitada de humor em relação a esta guerra.
Mas a grande batalha sempre foi travada dentro do Rock, é aqui onde se sente mais esta divisão entre o cantar em inglês e o cantar em português. Mas nos últimos anos surgiu um fenómeno interessante, o da música portuguesa cantada em português por bandas novas, bandas que cresceram a ouvir música em inglês mas também boa música feita em português. O apoio de algumas (poucas) rádios com projeção nacional também contribuiu para que este cenário começasse a mudar. De repente parece que os músicos se lembraram que existe um mercado interno que anseia por coisas boas, que tem vontade de consumir boa música na língua que serviu para Camões escrever os Lusíadas e para Fernando Pessoa (d)escrever os seus devaneios poéticos. E nós por cá agradecemos.
Ficam aqui seis bons exemplos do que de melhor se tem feito por cá nos últimos anos, e o facto de ter de escolher apenas seis é um excelente sinal, pois muito mais haveria por escolher.
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